Assim como quase todas as bebidas não fermentadas, o whisky só existe graças à invenção da destilação. O processo é creditado por muitos historiadores ao cientista árabe Jabir ibn Hayyan, que o teria criado no século 8. Inicialmente inventada para a criação de perfumes e aromas, a destilação acabou sendo adotada pelos monges europeus, que a usavam para a preparação de variadas poções medicinais alcoólicas.
Acredita-se que os monges levaram o processo de destilação para Irlanda e Escócia entre os séculos 11 e 13. Porém, há documentos mostrando que os celtas já praticavam a destilação ao produzir a “uisge beatha” (água da vida, em celta).
O mais antigo registro da palavra whisky aparece em 1494. Segundo o documento do frade e físco escocês John Cor, da abadia do condado de Fife, ele havia recebido 48 galões de malte com o objetivo de produzir “uisge beatha” para o Rei James IV.
A popularidade do whisky continuou a crescer até 1541, quando o rei Henrique VIII da Inglaterra fechou os monastérios escoceses. Como resultado, centenas de monges desempregados passaram a se dedicar à produção de whisky, espalhando o know-how por toda a Escócia.
No começo do século 18 a produção e consumo do whisky já estava disseminada pelo país. Quando a Inglaterra baixou uma pesada carga de impostos sobre as destilarias, os escoceses mostraram sua segunda especialidade: desafiar a coroa inglesa. Milhares de destilarias clandestinas pipocaram pela Escócia. Quase todas funcionavam à noite para que a fumaça de suas caldeiras não pudesse ser vista. Nessa época, o whisky ganhou o apelido de “moonshine” (luar). O contrabando se transformou em um estilo de vida e por cerca de 150 anos os centenários clãs, agora sob o status de contrabandistas, enfrentaram os governos escocês e inglês.
A onda de destilarias clandestinas só teve fim em 1823, quando o governo inglês baixou uma lei regularizando-as. A partir daí, o whisky escocês teve uma notável melhoria, principalmente quando Robert Stein inventou o destilador em coluna, que otimizou a produção.
Na segunda metade do século 19, dois acontecimentos foram responsáveis pela disseminação definitiva do whisky pelo mundo: a criação do blended whisky por Andrew Usher, em 1853, o que aumentou a oferta da bebida, e a destruição dos vinhedos europeus pela praga da filoxera. A partir daí, os entusiastas do vinho e do conhaque voltaram suas atenções para o whisky.
A produção da bebida oi levada para os Estados Unidos e Canadá pelos imigrantes escoceses e irlandeses que, na falta de matéria prima, trocaram o trigo por milho. Com o passar dos anos, foram criadas uma série de regras que estipularam que a versão americana se chamaria whiskey ou Bourbon, a depender da origem e grãos usados em sua produção. Mas deixemos o Bourbon para uma próxima conversa.
Quanto ao whisky escocês, sua popularidade só tem crescido. Em 2009, por exemplo, as destilarias escocesas chegaram ao número recorde de 1,1 bilhão de garrafas exportadas para o mundo todo.