Na mesa de bar, sempre tem aquele amigo super entendido – só que não – de toda e qualquer bebida e que, em algum momento, vai soltar que prefere a cerveja em garrafas de vidro à lata, ou vice-versa. Você e os outros integrantes da mesa se entreolham e, muitas vezes, preferem deixar para lá. Afinal, ninguém sabe dizer ao certo se há alguma diferença entre elas.
E é por isso, meu caro leitor, que a reportagem de Líquido & Certo decidiu desmistificar de uma vez por todas essa possível lenda urbana. A partir de hoje, você pode beber de sua lata ou de sua garrafa com a mesma tranquilidade pois, de acordo com os especialistas consultados, as diferenças não chegam ao paladar do consumidor.
Funciona da seguinte forma: após a filtração, processo que deixa a cerveja clarinha e sem sedimentos, a bebida é acumulada em “tanques” que alimentam a linha de envase. De lá, ela vai para latas ou garrafas. Em ambos os casos, há o cuidado em não misturar a cerveja com o oxigênio que há nos recipientes. A única diferença é que as latas aguentam menos pressão e, para ‘aliviar’ essa carga, é acrescentado mais gás carbônico no momento do envase. “Há essa alteração, porém ela é imperceptível ao paladar do consumidor”, explica o mestre-cervejeiro da Cervejaria Petrópolis, Álvaro Nogueira.
A opinião no mercado de cervejas artesanais não é diferente. O mestre-cervejeiro da Burgman, Alexandre Sigolo, concorda e acrescenta: o que faz variar o paladar da cerveja é o armazenamento. “O vidro das garrafas é mais estável. O alumínio das latas absorve e transmite o calor para o líquido com mais facilidade. Por isso é importante mantê-la sempre refrigerada”, discorre Sigolo.
O contato com a luz também é outro fator que pode alterar a estrutura química da cerveja. Nesse quesito, a lata sai na frente pois impede totalmente a passagem de luz do ambiente para o conteúdo. Essa é a razão pela qual as garrafas de cerveja possuem a coloração âmbar, que permite a passagem de luz a níveis mínimos. “As cervejas com garrafas verdes são mais suscetíveis a essa alteração. Eu, particularmente, percebo uma diferença no paladar dessas cervejas em relação à lata”, explica o mestre-cervejeiro da Burgman.
Por fim, cai por terra o ‘gosto de alumínio’. Além de transmitir calor com facilidade, o material das latas também pode liberar resíduos que alteram o sabor da cerveja. Mas, antes que esse buxixo chegasse ao consumidor, os fabricantes criaram uma película, uma espécie de verniz interno, que não permite o contato do alumínio com o líquido. “O verniz interno é tão resistente que não rompe nem quando a lata sofre algum dano, como amassados”, reforça Nogueira.