“Hoje é sexta-feira, chega de canseira, nada de tristeza, pega uma cerveja e põe na minha mesa… Hoje é sexta-feira, traga mais cerveja, tô de saco cheio, tô pra lá do meio da minha cabeça. Chega de aluguel, chega de patrão, há tanta solidão, eu quero é diversão: cerveja! Cerveja! Cerveja!”
Acordei provavelmente impulsionado pelo id ( aquela região obscura do cérebro que busca sempre o que produz prazer) do meu paladar, cantarolando esta música do Leandro e Leonardo que lembro a letra mais ou menos. É uma delícia!
Como é delicioso perceber que o mundo está mudando para melhor. Principalmente para quem, como eu, gosta de uma loira gelada. De um bom tempo para cá, pipocam estudos sérios comprovando que a cerveja, se bebida com moderação, pode e faz bem a saúde. Um brinde a isto!!!
A primeira bebida a se livrar do “pecado original” foi o vinho. Hoje, praticamente, todos os médicos admitem que, para a maioria dos casos, um cálice de vinho tinto no almoço e jantar faz muito bem à saúde, funciona como um remédio. E frequentemente recomendado aos pacientes.
Agora é a vez da cerveja.
Para não ficar no diz-que-diz, fui buscar pesquisas científicas sobre o tema.
Vamos lá!
De acordo com um estudo finlandês, a cerveja pode reduzir em 40% os riscos de desenvolver pedras nos rins. Mas é preciso beber com moderação. Em excesso, a cerveja pode agravar o quadro. Segundo os pesquisadores, as mulheres devem consumir até uma latinha da bebida. Já para os homens, o ideal é consumir até duas latinhas por dia.
Da Espanha, University of Extremadura, pesquisa esclarece que “o efeito sedativo da cerveja pode ser ideal para o tratamento de insônia e distúrbios associados ao sono. O lúpulo presente na bebida aumenta a atividade do neurotransmissor GABA, substância que apresenta efeito sedativo e diminui a ação do sistema nervoso, preparando o organismo para um sono tranquilo”.
Publicação na revista científica Annals of Nutrition and Metabolism, afirma que “o consumo moderado de cerveja traz benefícios para o sistema imunológico, tornando o organismo mais resiste a algumas infecções. Os resultados da pesquisa apontaram que, após um mês, o consumo diário de uma latinha de cerveja para mulheres e duas para homens é capaz de aumentar a concentração de células de defesa do sistema imune, elevando a produção de anticorpos”.
Aquela perguntinha que todos nós fazemos:
Cerveja dá barriga? Primeira opinião: dá! Assim como quase todos os outros alimentos, uns menos, outros mais. Um copo (300ml) de uma cerveja do tipo Pilsen, por exemplo, possui cerca de 300 calorias. As cervejas mais encorpadas, sobretudo as ales, têm ainda mais calorias por mililitro.
Uma segunda opinião. Um estudo científico da University College of London, que observou cerca de 2000 homens e mulheres, constatou que “não foi notada uma relação entre o consumo moderado de cerveja e o aumento significativo da linha de cintura ou do volume de corpo em geral, ou seja, constatou que a cerveja, consumida de modo equilibrado, não é fator de obesidade. Depois da sua publicação num jornal científico especializado, o European Journal of Clinical Nutrition, o estudo foi divulgado por alguns dos mais importantes órgãos de imprensa internacional: The Times – “Drinks all round as beer myth goes belly up”; Reuters Health – “Beer not to blame for your ‘beer belly’”; The New York Times – “The don’t blame the beer belly”.
Mais uma pesquisa: “A ingestão de bebidas fermentadas protege a função miocárdica de ferimentos agudos”, realizado no Centro de Pesquisa Vascular, na Espanha, apresentou resultados positivos para a saúde do coração.
Durante o estudo, cobaias foram divididas em três grupos e os animais recebiam uma dieta rica em colesterol. O primeiro grupo ingeria baixas doses de cerveja, já o segundo tomou de forma moderada enquanto o terceiro foi privado de receber a bebida. Após análises, os grupos que continham cerveja em sua dieta mostraram menor risco de infarto do miocárdio. “Eles apresentam uma lesão menor no coração¨, diz a diretora da instituição e orientadora da análise Lina Badimón. Isso ocorre, ela explica, devido aos componentes como fibras, minerais, vitaminas e polifenóis presentes na cerveja.
Estudos recentes elevam a cerveja ao patamar/status de um bom vinho. Uma pesquisa conduzida pelo instituto italiano Research Laboratories, da Fondazione di Ricerca e Cura Giovanni Paolo II, mostra que o consumo moderado da bebida faz bem ao coração. O estudo foi publicado na edição on-line do European Journal of Epidemiology.
Como a cerveja ainda é fonte recente de pesquisas, muitos prós e contras podem ser encontrados. A virgindade foi quebrada. A cerveja, como um grande inimigo da saúde, pôde “sair do armário”. Claro que a palavra de ordem, como tudo na vida, é MODERAÇÃO. O Consumo regular de cerveja pode tornar-se um estilo saudável de vida, se somado a uma alimentação equilibrada e exercícios físicos constantes e de preferência orientados!
Outra dica: como cada caso é um caso, procure sempre um médico especialista, atualizado com as pesquisas que acontecem mundialmente, para avaliar e diagnosticar. Em muitos casos, creio, você será surpreendido com o conselho de que deve tomar uma cerveja por dia – caso você aprecie esta bebida – como tratamento. Como eu me surpreendi quando ouvi de um cardiologista amigo de longa data, já há algum tempo, que um cálice de vinho tinto no jantar fazia muito bem para a saúde!