“Quem tem medo do lobo mau, do lobo mau, do lobo mau…”
“Quem tem medo de Virginia Woolf, Virgínia Woolf, Virginia Woolf…”
Esta cantiga infantil, que parodia a do lobo mau, faz parte de um dos filmes mais importantes da carreira de Elizabeth Taylor: “Quem tem medo de Virgínia Woolf”. Filme que lhe deu o Oscar de Melhor Atriz em 1967 e era o quarto, dos onze, em que trabalhou com o marido Richard Burton.
No filme, ela interpreta Martha, filha do reitor de uma faculdade onde George (Richard Burton) leciona. O casal vive as turras, se amam e se odeiam ao mesmo tempo. E bebem sem parar!
Qualquer semelhança com a vida real do casal Liz e Burton não era mera coincidência.
Mas antes de chegar em 1967, um flashback se faz necessário.
Elizabeth Taylor (1932-2011) nasceu em Londres, no dia 27 de fevereiro. Começou trabalhando na Universal, no filme “There’s One Bom Every Minute” em 1942, quando tinha dez anos. Fez mais de 70 filmes até encerrar a carreira em 2000.
A jovem e bela Elizabeth Taylor, com seus olhos cor de violeta e um corpo escultural tinha alguns desejos peculiares. Elizabeth era uma compulsiva colecionadora de joias, muito vaidosa, adorava o brilho de brincos, colares, anéis e pulseiras, além de amar maquiagens, sapatos de grife, bolsas da moda e vestidos. Adorava, também colecionar maridos: foram oito casamentos. Richard Burton foi o seu quinto marido, com o qual se casou, divorciou e voltou a casar novamente.
Elizabeth Taylor conhece Ricardo Burton nas filmagens de Cleópatra, 1962.
Ainda esquentando a cama do quarto marido Eddie Fisher, recebeu aquele olhar 43 de Richard Burton, um grande nome do teatro e cinema da época. E também conhecido por seu porres homéricos. Iniciaram um tórrido romance, ela ainda casada. Divorciada de Eddie Fischer, Liz e Burton casaram em 15 de março de1964. Por 10 anos viveram juntos um relacionamento que pode ser dividido em três capítulos: fogo e paixão, entre tapas e beijos e muita bebedeira.
Em sua biografia “Elizabeth Taylor”, Uma paixão pela vida, escrita pelo especialista Donald Spoto e editada no Brasil pela Nova Alexandria, temos algumas revelações e números interessantes.
Antes do casamento oficial, namoraram de 1962 a 1964. E como é sabido, bebendo e discutindo, tanto em público como em particular.
Spoto revela como era forte e contraditório relacionamento do casal. Do amor ao ódio com várias pedras de gelo no caminho.
Quando ficavam separados, mesmo que fosse apenas durante uma manhã, sofriam e ficavam telefonando um para o outro sem parar, ficavam doentes ou bêbados.
O excesso de bebida alcoólica era evidente para qualquer pessoa que os encontrasse após uma simples e frugal refeição. Com a ajuda do álcool superavam a ansiedade decorrente do excesso de publicidade e exposição. O casal Liz e Burton fazia enorme sucesso em público!
No dia do casamento, Elizabeth – como toda noiva – estava atrasada. Nervoso, Richard iniciou uma maratona de bebedeira bem cedo, dizendo que estava ansioso.
Como um camaleão, a cada casamento, Elizabeth queria ser a esposa perfeito. Agora era a senhora Richard Burton e tinha que enfrentar um dos seus maiores desafios, visto que tenha chegado ao grande ator superando barreiras e bebedeiras.
Outro momento marcante é quando Burton sai turnê com a peça Hamlet. E assédio do público, ao casal famoso, era estressante. Elizabeth Taylor não estava na peça mas acompanhava todos os espetáculo, evitando que alguma desavisada desse “em cima” do seu maridão. Neste clima, Elizabeth rapidamente adotou o álcool para conseguir enfrentar a pressão.
Durante as filmagens de Gente Muito Importante, na MGM, arredores de Londres, o casal Liz e Burton criou um hábito: se separar da equipe para almoçar sozinhos em um restaurante da área. Na ocasião consumiam uma ou duas garrafas de champanhe e alguns conhaques, antes de voltar às filmagens. Outra curiosidade do casal e que em praticamente todas as manhãs, antes das filmagens, Richard Burton consumia meia dúzia de bloody-marys, esquentando o café da manhã.
Fato surpreendente, nos conta Donald Spoto, é que estas bebedeiras e constantes brigas do casal nunca atrapalharam o seu trabalho profissional. Como testemunha o diretor Anthony Asquith, que os dirigiu em Gente Muito Importante: Ela estava no set na hora marcada e suas falas eram sempre perfeitas.
Depois de 10 anos com Richard Burton, Elizabeth partiu para um sexto casamento, manteve tórrido romance com o embaixador iraniano nos Estados Unidos, Ardeshir Zahedi.
Foi pioneira no desenvolvimento de ações filantrópicas, levantando fundos para as campanhas contra a AIDS a partir dos anos 80, logo após a morte de seu grande amigo Rock Hudson.
Entre uma dose e outra, Elizabeth teve ainda mais dois maridos, até viver reclusa depois do ano 2000.
Fruto dos seus relacionamentos vieram quatro filhos, que lhe deram dez netos e quatro bisnetos. Pouco saia em público – estava mais gorda e perdendo sua beleza. Mas nunca abandonou o prazer de tomar um bom drinque.
Em 23 de março de 2011, Elizabeth Taylor faleceu por problemas cardíacos.