“Primeiro você toma um drinque, então um drinque toma um drinque, e aí o drinque toma você”, F. Scott Fitzgerald!
Ele foi um dos maiores escritores da América dos anos 20 e 30 a retratar a realidade daqueles momentos identificados como dourados loucos. F. Scott Fitzgerald foi o representante maior do grupo de escritores identificados como geração perdida, ao lado de Gertrude Stein, Ernest Hemingway, Ezra Pound, John dos Passos e T.S. Elliot.
Filho de família Irlandesa católica e de posses, nascido em Saint Paul em 24 de setembro e 1896, Scott frequentou a Universidade de Princeton. Não completou o curso e se alistou como voluntário na primeira guerra mundial.
Mas as letras o chamavam insistentemente!
Suas principais obras: Este lado do Paraíso, 1920, que vendeu 50 cópias e o colocou entre os maiores da América. Posteriormente, Belos e Malditos de 1922.
Curiosamente, um trecho do romance Belos e Malditos parece ser um presságio do que viria ser a vida deste gênio contraditório:
“O avô, Adam Patch, dedicava-se à regeneração moral da sociedade, lutando contra a imoralidade, a bebida, os vícios.
Antony conhece a prima de um de seus amigos, Gloria Gilbert, casam-se e vivem conforme antes: de festas, gastos, bebidas. O pensamento seria conseguir logo a fortuna do avô, doente, então não haver necessidade de trabalhar.
Depois de tempos de idílio amoroso, logo a “magia passa e ficam apenas os amantes”. Mas convivem, sempre em busca de companhias que não os deixassem sós, ou os tirasse da realidade, pela embriaguez constante.”
Da mesma forma que retrata uma América de classe alta cheia de contradições, o jovem escritor trilhava caminho parecido.
Após o sucesso dos primeiros livros, F. Scott Fitzgerald conhece a belíssima Zelda Sayre, filha de família abastada, também escritora, que adorava se aventurar, dançar e paquerar inveteradamente.
Entre muitos tapas e beijos – e assim sempre seria a vida dos dois – F. Scott Fitzgerald e Zelda se casam. Tornaram-se celebridades. Os jornais de Nova York os enxergaram como a concretização da Era do Jazz e da Geração Decadente: jovens, aparentemente ricos, belos.
Fitzgerald tinha sido um bebedor sem limites desde os tempos de faculdade, e tornou-se famoso na década de 20 por “pegar pesado” com a bebida.
Zelda sempre o acompanhou. O drinque preferido do casal era o Gim Rickey – Gim, Limão e Água com Gás.
Scott e Zelda extrapolaram bem todos os limites. Uma vez tiveram que deixar dois hotéis, Baltimore Hotel e Hotel Commodore, por causa do estado de embriaguez em que se encontravam.
O casal – sempre entre tapas e beijos, traições e pedidos de divórcio – vivia se mudando constantemente. Sempre em festas, viagens e muita bebedeira entre Paris, Londres e Nova York.
E foi exatamente em Paris que F. Scott Fitzgerald escreveu o seu livro mais conhecido até hoje – tanto que teve cinco versões para o cinema. Ele conclui o terceiro e o mais célebre de seus romances, The Great Gatsby (1925) O Grande Gatsby. Essa obra, uma das mais representativas do romance americano, retrata a vida em alta sociedade com uma aguda reflexão crítica.
A vida louca, louca vida que o casal Scott e Zelda levavam teve uma interrupção trágica. Nos anos 30, Zelda é internada num sanatório diagnosticada com esquizofrenia.
Sempre consolado por seus drinques. F. Scott Fitzgerald fica até o final da vida acompanhando e patrocinando o tratamento de Zelda.
Volta a concretizar um novo romance em 1934, Suave é a Noite, que considerava seu melhor trabalho. As vendas no entanto não refletiram tal convicção.
Neste clima: esposa internada, pouco dinheiro em caixa e muitas despesas, e muitos Gim Rickey no caminho, F. Scott produz textos curtos de forma alucinada. Ao longo de sua carreira escreveu cerca de 160 contos e crônicas e se firmou junto ao público e crítica como o grande cronista da Era do Jazz.
Com a saúde abalada, a falta de grana constante, F.Scott não conseguia engatilhar um novo romance. Fez como outros escritores: ofereceu seus trabalhos para hollywood que sempre esteve em busca de roteiristas de qualidade.
Se o dinheiro estava em Hollywood, ter um roteiro aprovado não era tão fácil. Um dos maiores escritores da América sofreu muitas frustrações, vendo seus trabalhos rejeitados.
A explicação é simples. Escrever romances e para teatro tem todo um estilo. O cinema, também tinha o seu estilo que deveria ser assimilado pelos novos candidatos a roteiristas. No entanto, escritores do porte de F. Scott Fitzgerald e Willian Faulkner – outro grande bebedor da história – não queriam se adaptar e escrever de uma forma que consideravam menor, um estilo pobre. Claro: poucas vezes o casamento entre grandes escritores e cinema deu certo.
Curiosamente, bem próximo de sua morte, F. Scott Fitzgerald escreve um dos seus melhores romances, exatamente focando a indústria cinematográfica: “O Último Magnata” (1939). O amigo e editor de Scott, Edmundo Wilson, assevera que “ este é o melhor romance que jamais foi escrito sobre Hollywood e o único a nos situar no seu interior.” Scott morreu antes de finalizar o livro – tinha apenas 44 anos – e foi o amigo Edmund Wilson que deu os retoques finais neste bela obra.