Na família das bebidas alcoólicas muito já se falou do vinho, o primo rico e bon-vivant. Ele frequenta os melhores restaurantes, sai em capa de revista da última edição de “Beber & Comer” e está sempre acompanhado de uma celebridade em alta ou chef francês famoso. Pobre da ovelha-negra cerveja, geralmente associada a escândalos noturnos, festas da firma e farofa em alguma praia popular do litoral brasileiro.
A boa fama dos fermentados de uva em detrimento aos fermentados da cevada se deve, de acordo com Drauzio Varella em seu website oficial, aos anos 1990 que cunharam o termo “paradoxo francês”. Pesquisas epidemiológicas desta época relacionavam o hábito francês de se tomar vinho nas refeições com a baixa incidência de doenças cardiovasculares na França, mesmo apesar de uma dieta caracterizada pelo excesso de gordura. Isto porque o vinho de fato contém flavonoides específicos, com propriedades antioxidantes muito importantes no combate aos ataques cardíacos e derrames cerebrais.
Mas algo está prestes a mudar. A porta-voz e médica especializada em dieta da Academy of Nutrition and Dietetics of Los Angeles (Academia de Nutrição e Dietética de Los Angeles, Estados Unidos), Andrea Giancoli afirma que “enquanto o vinho cultiva uma reputação por sua sofisticação e benefícios à saúde, pesquisas recentes revelam que a cerveja possui benefícios nutricionais exclusivos”. O mesmo escreve Drauzio Varella: “três trabalhos importantes conduzidos nos últimos cinco anos (…) sugeriram que essas propriedades protetoras não se restringiam ao vinho – um deles, publicado na prestigiosa revista “Circulation”, com o título sugestivo de “Vinho, Cerveja e Destilados e o Risco de Infarto do Miocárdio: Uma Revisão Sistemática”.
Só no Brasil, são cerca de 300 mil mortes anuais causadas por doenças cardiovasculares. O que os novos estudos vêm trazido à luz é a eficácia do consumo moderado de cerveja na prevenção dessas doenças. Segundo o jornal americano The Boston Globe, “a cerveja, especialmente a cerveja escura, contém cerca de um grama de fibra solúvel a cada garrafa de 355 ml, em comparação a nenhum grama no vinho”. A ingestão de quantidades apropriadas de comidas ricas em fibras solúveis, como aveia, cevada, entre outros, ajudam na diminuição do colesterol “ruim” (o LDL) e no aumento do colesterol “bom” (o HDL). Em números tangíveis, beber com moderação uma dose de vinho ou de cerveja reduz em cerca de 31% os riscos de problemas cardíacos – é o que aponta o estudo da Fondazione de Ricerca e Cura da Itália.
Apesar de ainda não figurar entre as estrelas de cinema e no hall da fama no mundo do entretenimento, o consumo moderado de cerveja tem se mostrado igualmente eficaz na prevenção de ataques cardíacos. Por isso, na hora da foto não dê vexame: erga seu copo de cerveja e sorria!
(Com informações de Boston Globe, Coração Alerta, Drauzio Varella e Estadão.com.br)