Em nossos posts curtimos bebidas de vários países.
Hoje, vamos focar em uma bebida bem brasileira: a tiquira.
Ela é filha do estado do Maranhão. Sua cor é roxa.
Tem forte gradação alcoólica, variando de 36% a 54%.
Bebida para macho nenhum colocar defeito.
Há uma lenda no Maranhão, que de tão forte, após tomar três ou quatro doses de tiquira, as pessoas não deveriam tomar banho ou molhar a cabeça, correndo o risco de morrerem ou ficarem “aluadas”, ou seja, ruins da cabeça.
Tudo começou com os índios que tinham um conhecimento apurado de bebidas à base de mandioca ou milho.
Os índios aqui no Brasil, antes da chegada dos portugueses, já bebiam um fermentado de mandioca chamado cauim.
Até 2005, a nossa tiquira não era produzida industrialmente, sendo achada com facilidade nos mercados de produtos regionais. Também é muito encontrada na cidade de Tinguá, no estado vizinho do Ceará.
Para muitas pessoas, a tiquira é a verdadeira aguardente brasileira, já que a mandioca é genuinamente nacional. A cana-de-açúcar, matéria prima da cachaça, é possivelmente originária do norte da Nova Guiné e foi trazida pelos portugueses das suas plantações nas ilhas da Madeira e São Tomé.
Segundo o escritor Gonçalves Lima, a palavra tiquira é originária da palavra tupi “tikira”, líquido que goteja, que pinga do alambique. Entre as bebidas destiladas da mandioca, apenas a tiquira tem legislação específica.
A tiquira é pouco conhecida nos outros estados brasileiros. E a sua história vem cercada – mas nem tanto – por um certo bullying que sofreu por dois motivos: sua limitação geográfica, já que é produzida essencialmente no Maranhão, e o preconceito que a cercava, uma vez que era consumida, depois dos índios, por escravos.
Atualmente, a tiquira é produzida em diversos municípios do Estado. O maior produtor é o povoado de Mamede, em Barreirinhas, que a produz em seu aspecto inicial: incolor.
Alguns produtores adicionam folhas de tangerina durante o processo de destilação, dando uma cor lilás.
É também encontrada em uma cor vívida de violeta (azul-arroxeado) devido à adição de cristal violeta, um corante com propriedades antissépticas.
O processo de preparo da tiquira é longo.
Primeiro, é necessário lavar, ralar e prensar a mandioca (aipim). Esse processo garante que os íons cianetos (veneno) sejam degradados para fora do material a trabalhar.
O caminho é longo até a fermentação. Terminada a fermentação, o mosto é destilado em alambiques de barro ou de cobre. Em cada operação, serão produzidos de quinze a vinte litros de tiquira, o que dá cerca de cem litros no total.
De uma produção basicamente artesanal e sem muito controle de qualidade, a história da tiquira no Maranhão começa a mudar em 2005, com orientações do SEBRAE. O primeiro passo foi mostrar aos produtores da comunidade de Mamede que, juntos, poderiam ter um produto de melhor qualidade e mais fôlego nas negociações. Depois, foi a fase de qualificação do produto – de olho nos mercados nacional e internacional.
Atualmente, 15 produtores da comunidade de Mamede trabalham unidos e já estão prontos para comercializar a aguardente com a marca Tiquira em embalagens de 750 mililitros, 275 mililitros e 50 mililitros.
Fontes:
Folder promocional da Tiquira – Sebrae/MA 2006
http://www.jornalcazumba.com.br/index.php?ct=informativo&id=58
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiquira
http://www.papodebar.com/tiquira-bebida-pra-macho/
http://www.mapadacachaca.com.br/artigos/tiquira-aguardente-do-brasil/