“Sou Modigliani, judeu”.
Era assim que Amedeo Modigliani, um dos mais importantes artistas – pintor, escultor – italiano do início do século 20 se apresentava.
Filho de próspera família judaica, Amedeo Clemente Modigliani nasceu em Livorno, em 12 de outubro de 1884.
Estudou em Veneza e Florença e fixou-se em Paris em 1906.
De porte muito bonito, boêmio por natureza, anarquista por inspiração, Modigliani vivia pelos cafés de Paris declamando versos de Dante Alighieri (Divina Comédia) e fazendo retratos rápidos, em troca de dinheiro ou de bebida. Muita bebida.
Por um copo de vinho era possível ter um trabalho do jovem artista, cujas obras foram, com o tempo, extremamente valorizadas.
E é claro que como quase todos os boêmios de Montparnasse, Modigliani se apaixona pelo absinto, a fada verde.
Nos anos seguintes, Modigliani muda a rota do seu trabalho e se aproxima da escultura, onde se torna amigo do escultor Brancusi. “Namora” o cubismo e a arte africana.
Em 1914, por razões financeiras, retorna definitivamente à pintura.
Desde o início, seus trabalhos possuem um estilo inconfundível, apesar de não se encaixar em nenhum dos movimentos praticados à época. Seus personagens são geralmente figuras alongadas, de pescoço comprido, rosto oval e ligeiramente inclinado.
Próximo do final de sua vida, em 24 de janeiro de 1920, Modigliani praticamente se dedica à pintura de nus femininos. De profunda beleza e sensualidade, renderam elogios e muitas críticas.
Amedeo Modigliani nunca foi uma unanimidade. Tal como o nosso “Velho Guerreiro”, ele veio ao mundo mais para confundir do que para “esclarecer”, ou pregar um padrão fechado, com regras e cores regulares.
A grande paixão da vida de Modigliani foi a católica Jeanne Hébuterne, amor incondicional até o dia da sua morte. Os dois tiveram uma filha.
Ele começou a pintá-la compulsivamente – como tudo o que fazia. Ela sempre foi retratada como se estivesse com os olhos fechados. Quando ela questionou “os motivos” de Modigliani, ele respondeu: “Só pintarei os seus olhos quando conhecer a sua alma.”
Muitos personagens desta época e viventes em Montparnasse tiveram suas biografias filmadas. O mesmo aconteceu com vida e obra de Amedeo Modigliani.
O filme, “Modigliani – Paixão pela Vida”, foi dirigido por Mick Davis e tem no papel principal o ator Andy Garcia. Retrato pungente e honesto que vale – sobretudo – pela cena inicial, onde Modigliani entra no bar onde estão se divertindo seus pares. E define quem é o personagem e como será o estilo da narrativa.
Visivelmente “animado”, Modigliani recita em voz alta texto de Dante Alighieri. Sobe em uma mesa e dança bem em frente à mesa de Pablo Picasso, de quem claramente não gostava.