Ele foi considerado o homem mais bonito e desejado de Hollywood.
Literalmente, havia – é uma imagem, claro – uma fila de mulheres e homens querendo transar com ele.
As biografias do período são difusas e imprecisas. Mas a maioria conta que nos seus anos de maior vigor, o ator Montgomery Clift acolheu em sua cama homens e mulheres, com igual empenho e amor.
Atualmente, século 21, tudo parece mais simples. Homens e mulheres, ser bissexual, tudo bem.
Mas…
Na Hollywood dos anos 1950 a vida de um bi ou homossexual, como Clift foi muitas vezes catalogado, nunca foi nada fácil.
E aí restam os amigos e principalmente amigas, como as atrizes Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor (esteve ao seu lado até a sua morte) para deixar a vida mais leve e fácil.
E é claro que a bebida e outras drogas também viraram companheiras presentes quase que no dia a dia.
Com Montgomery Clift nada foi diferente.
É preciso entender que nos anos 40 e 50 Hollywood ainda vivia sob a batuta do “Sistema dos Estúdios”. E os estúdios se protegiam “escondendo” os escândalos e pecadilhos dos seus contratados.
Alguns exemplos para deixar a história mais clara: Rock Hudson e James Dean.
O nosso focalizado nasce Edward Montgomery Clift, em 17 de outubro de 1920, em Omaha, Nebraska, EUA.
Filho de família abastada, Montgomery teve a sua educação lapidada rapidamente, com longas viagens à Europa.
Em seu caminho, uma pedra: a crise da Bolsa de 1929.
Seu pai, um rico banqueiro – qual não é?! – é obrigado a mudar para um simples apartamento em Nova York.
O que parecia um pesadelo para os ricaços, foi um presente para “Monty”, como era conhecido. Aos 13 anos ele estreou nos palcos da Broadway.
Tudo parecia dar certo em sua vida. Em 1939, com o nascimento da TV, ele aparece num programa e virou personagem conhecido na América. Claro que o seu belo porte e a força de sua interpretação contribuíram para fixar sua imagem.
Hollywood foi o seu próximo passo.
Começou muito bem, dirigido pelo veterano Howard Hawks em “Rio Vermelho”, ao lado do grande ídolo do momento, John Wayne. Em seguida o filme “Perdidos na Tormenta”, dirigido por outro craque, Fred Zinnemann, no qual obtém a sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator.
Até 1966, participou de outros 16 filmes, sempre com muito destaque, sempre com uma interpretação marcante. Outras indicações ao Oscar vieram.
Com tanto sucesso e exposição nas maiores mídias da época, Montgomery Clift era um solteirão cobiçadíssimo. Recusou muitos convites para namoros e casamentos. Sua homossexualidade sempre latente e presente foi um indicador de rejeição por parte de muito atores – como John Wayne – e problemas para os estúdios, que não queriam perder “aquela bela estampa, do homem mais bonito de Hollywood”.
Claro que esta situação foi deixando Montgomery Clift deprimido. Bebedeiras constantes e outros aditivos viraram seus amigos constantes.
Até que veio o acidente que mudou tudo em sua vida, inclusive a sua imagem.
Clift filmava “A Árvore da Vida”, ao lado da sua grande amiga Elizabeth Taylor e dirigido por Edward Dmytryck. O ano é 1956.
A depressão acumulou muito forte. Ele não segurou a bebida e passou dos limites. Quis voltar para casa dirigindo. Os amigos tentaram dissuadi-lo. De nada adiantou. Ele bateu seu Chevrolet numa árvore. Escapou com vida, mas com uma profunda cicatriz no rosto, que “maculou o homem mais lindo do mundo”.
Somando todos os problemas que carregava em “seu armário pessoal” Monty entrou de vez para o universo dos barbitúricos e das bebidas mais fortes. Elizabeth Taylor sempre ficou ao seu lado.
Até a sua morte, ele filmou outros nove filmes. Os estúdios não queriam a sua presença, mas amigos e diretores importantes, como John Huston, “batiam o pé” e mantinha o bom ator em seus elencos.
Alguns filmes do jovem belo e conturbado Montgomery Clift que merecem ser vistos e revistos:
“Um Lugar ao Sol”, dirigido pelo mestre George Stevens e ao lado de sua grande amiga Elizabeth Taylor.
“A Tortura do Silêncio” (I Confess, 1953), dirigido pelo genial Alfred Hitchcock.
“A Um Passo da Eternidade” (1953), dirigido por Fred Zinnemann, indicado ao Oscar de Melhor Ator.
“Os Deuses Vencidos” (The Young Lions, 1958), dirigido por Edward Dmytryck, tendo como companheiro de elenco o genial Marlon Brando.
“Os Desajustados” (The Misfist, 1961), dirigido por John Houston e tendo como parceiros Marilyn Monroe e Clark Gable.
“Freud: Além da Alma” (Freud, 1962), dirigido mais uma vez por John Houston.