Uma das cenas mais lembradas do filme “Apocalypse Now”, dirigido pelo grande cineasta Francis Ford Coppola – já homenageado em nossa Galeria – mostra o Capitão Benjamin L. Willard, sozinho em seu quarto, num momento de exorcismo dos seus demónios interiores. No ápice, ele soca e quebra o espelho, corta a sua mão e mancha o quarto e a sala de sangue. O sangue era de verdade e o nosso Homenageado, Martin Sheen estava completamente de porre, visto que havia bebido o dia inteiro, já que era o seu aniversário.
A bebida sempre fez parte de sua vida. Os momentos de moderação superaram e muito os excessos, como em “Apocalypse Now”. Por sinal, este filme maravilhoso sobre a Guerra, ambientando no conflito do Vietnã, no qual a palavra de ordem era excesso. Se não viram, vejam. Se quiserem saber como foram as filmagens desse clássico do cinema, está disponível o documentário “Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse” de Eleanor Coppola, mulher do diretor.
Martin Sheen, nome artístico de Ramón Gerardo Antonio Estévez, nasceu eu Dayton, Ohio, EUA, em 3 de agosto de 1940. É pai do polêmico Charlie Sheen – esse, sim, um Grande Bebedor de Carteirinha – breve homenageado – que você certamente conhece do seriado “Two and a Half Men”; e pai de Emílio Estévez.
Dono de uma das carreiras mais festejadas no cinema e TV, Martin Sheen, entre longas, participações em seriados contabiliza mais de 200 trabalhos. Este filho de emigrantes – o pai espanhol e a mãe irlandesa – está nas telinhas e telonas deste 1961. Trabalhou com os diretores mais importantes da nova e velha geração do cinema americano.
Bem no início da carreira, Martin Sheen foi escolhido para interpretar um pequeno e fascinante filme: “O Incidente” (1967). A trama, dirigida por Larry Pearce, é uma violenta crônica urbana onde dois assaltantes infernizam passageiros do metrô. Todo o filme transcorre dentro desse vagão. Um trabalho para ser visto ou revisto!
Posteriormente, o grande diretor Terence Malick, em 1973, lhe dá o papel principal do seu primeiro filme “Badlands” – Terra de Ninguém – onde ele trabalha ao lado de Sissy Spacek. É a história de dois adolescentes que partem para uma série de crimes por Dakota do Sul, tendo o jovem rebelde Kit Carruthers (Martin Sheen) a frente, numa trama que lembra a história de Bonnie e Clyde.
Em 1972 filma “Ardil 22”, sob o comando de Mike Nichols. Richard Attenborough,em 1982, o dirige em “Gandhi”. Sob a batuta de Oliver Stone, filma, em 1987, “Wall Street”. E depois de algumas dezenas de trabalhos, tem o prazer de ser dirigido pelo mestre dos mestres Martin Scorsese, no filme “Os Infiltrados” (2006).
Mas foi na TV que Martin Sheen ficou mundialmente conhecido, ao emprestar talento e personalidade e interpretar o presidente dos Estados Unidos, Josiah Bartlet, na serie “The West Wing” (1999 a 2004).
Uma característica importante da atuação como cidadão americano do ator Martin Sheen é o seu ativismo político que lhe rendeu mais de 70 prisões. Uma de suas causas: participação em protestos para o fechamento de escolas militares americanas que treinam soldados latino americanos onde são ensinadas técnicas de tortura.
Outra atividade do cidadão do mundo Martin Sheen, quando em visita a terra natal de sua mãe, a Irlanda: marcar presença no Sean´s Bar, considerado o pub mais antigo do país, que fica na cidade de Athlone, para saborear uma boa cerveja.
José Edward Janczukowicz