O verdadeiro talento remove montanhas, apaga (ou alivia) preconceitos, amplia a nossa visão do mundo e das pessoas que nos cercam, próximas ou distantes.
É minha forma de explicar e entender como num país eminentemente racista, os Estados Unidos, um menino negro, homossexual, filho de pais problemáticos e irmãos idem – principalmente sua irmã Rose, que navegava pelo enuviado território da esquizofrenia – desde muito jovem escolhe que a sua vida se resume a escrever, contar histórias.
Basicamente a sua história. Como declarou: “Descobri na escrita uma fuga de um mundo real no qual me sentia profundamente desconfortável”.
Esta fuga, ao mesmo tempo uma “terapia” para suportar e enfrentar desafios, transformou Tennessee Williams num dos dramaturgos mais importantes dos Estados Unidos no século XX.
Nasceu Thomas Lanier Williams III, no dia 26 de março de 1911, em Columbus, Mississipi.
Nos anos 1930 se graduou na University of Iowa e escreveu um dos seus primeros sucessos, “Cairo, Shanghai, Bombay”, levada ao palco em 1935.
No ano seguinte assumiu o pseudônimo de Tennessee Williams, em homenagem aos dois anos felizes que passou em Nashville.
Em 1938 foi recusado pelo exército fato que acirrou suas desavenças com o pai, um veterano de guerra. O velho Cornelius Coffin, um vendedor itinerante de sapatos, obrigou o filho a abandonar o curso de jornalismo. Fato que levou Tennessee a descontar sua decepção na bebida e outros aditivos mais.
Depois da tempestade veio a felicidade, que respondia pelo nome de Frank Merlo, ex-oficial da Marinha, por quem Tennessee se apaixonou. Frank virou um porto seguro onde a arte de Tennessee podia navegar com estabilidade, vieram seus trabalhos mais emblemáticos e o dramaturgo, além dos palcos, viu suas obras vertidas e filmadas para o cinema.
Você ou certamente os seus pais devem lembrar de “A Street Named Desire”, no Brasil “Um Bonde Chamado Desejo”, de 1948, sucesso no teatro e filmado pelo genial diretor Elia Kazan, com Marlon Brando e Vivien Leigh (E o Vento Levou). Outro sucesso que frequentou os dois palcos foi “Cat on a Hot Tin Roof”, no Brasil, “ Gata em Teto de
Zinco Quente”, com Paul Newman e Elizabeth Taylor, sob o comando do diretor Richard Brooks.
Numa fantástica carreira, Tennessee escreveu perto de 70 peça, das quais 20 foram celebradas no cinema.
A bebida como parte integrante da vida sempre foi boa companheira do nosso dramaturgo homenageado. Algumas vezes, marcados por insucessos ou depressão, ele passava dos limites.
Em épocas de calmaria. Tenneesse Williams adorava curtir o drinque “Ramos Fizz”, criado por Henry C. Ramos, ano 1888, em Nova Orleans, Louisiana. Após a Lei Seca, foi popularizado pelo bar do Roosevelt Hotel, em Nova York, como “Gin Fizz”, que em sua composição – em uma das receitas mais aceitas por seus admiradores – levava 50ml de gim, 25ml de suco de limão e casca de limão siciliano, 2 borrifos de água de laranjeira, 25ml de creme de leite, 25ml de clara de ovo, bastante gelo.
Outro drinque que Tenessee curtia era o “Negroni”, que até virou personagem de sua peça, “Roman Spring of Mrs. Stone”, levada ao cinema e batizada no Brasil como “Em Roma na Primavera”, com Vivien Leigh.
José Edward Janczukowicz