Queridos leitores. Vamos receber com um brinde afetuoso Edmund Wilson.
Ele nasceu em New Jersey, 8 de maio de 1895.
Durante 77 anos de intensa convivência entre vida e literatura foi escritor, ensaísta, jornalista, historiador e sua área de atuação mais notável: crítico literário.
Não gostava da denominação “crítico”, preferia “jornalista cultural”. A vida disse “presente” e fez com que seu trabalho, talento, rabugice, impaciência, misto de genialidade e contradições influenciassem – como ainda influenciam – o gosto literário de sua época, de nossa época e vai influenciar, certamente, filhos e netos.
Entre a literatura e a vida, Edmund Wilson optou pela segunda. Com toda a sua amplitude, riqueza de contradições. Seus escritos (não importa em que planta) sempre foram um prolongamento da experiência vital.
Viajou pelo universo das artes plásticas, teatro, música, cultura popular, acontecimentos políticos, revoluções europeias. Foi um mestre dos ensaios biográficos, memórias autobiográficas (que sustentavam basicamente seus principais livros).
A gama de assuntos com que os textos de Edmund Wilson abarcavam a vida fez com que muitos estudiosos também o classificassem como um historiador. Estavam certos. Mesmo quando escrevia sobre livros e seus autores, nosso homenageado estabeleceu entre as obras e os eventos históricos evocados uma associação direta e profunda.
A influência de Edmund Wilson marca presença na década de 1920 quando um dos primeiros a ler e reconhecer a importância de “Ulisses”, de James Joyce. Nessa época, o livro estava proibido nos Estados Unidos, onde era visto como pornografia. Foi a França o primeiro país a publicá-lo. A proibição nos EUA foi suspensa apenas no final de 1933, mediante decisão judicial. A sentença: “Embora um tanto hermético, ‘Ulisses’ não é afrodisíaco.”
Um dos grandes méritos de Edmund Wilson foi criar um estilo que tornava a literatura acessível ao leitor médio. Livros imperdíveis: “Castelo de Axel” – analisa a obra de James Joyce, Marcel Proust, T.S. Eliot; “Rumo à Estação Finlândia”, em que Wilson conta a história do socialismo, desde a Revolução Francesa até a Revolução Russa.
No dia a dia, nosso homenageado não era um homem fácil de se gostar. Para muitos, era de extrema frieza.
Aspecto que não diminuia seus apetites. Adorava o sexo e alguns fetiches. Mulheres com quem se relacionou elogiavam seu vigor físico, comparando-o com um touro. Contabilizou quatro casamentos oficiais. No último, com 75 anos, teve fôlego e “deu uma pulada de cerca” com a crítica da revista “New Yorker”, Penelope Guilliatt.
Beber com os amigos, sozinho ou com a esposa era um hábito comum na vida de Edmund Wilson. Não dispensava uma cerveja, ou um Johnny Walker. Seu drinque predileto era o “silver bullet” (bala prateada), gim associado a vermute branco seco. Eclético, contam amigos mais próximos, era comum encontrá-lo escrevendo no bar do Hotel Algonquin, em Nova York, diante de seis martinis enfileirados. O fim do trabalho coincidia com o sexto cálice degustado.
José Edward Janczukowicz