Ele nasceu em pleno olho do furacão: Knoxville, Tennessee, EUA, onde as questões raciais americanas sempre estavam na ordem do dia. O Século XX comemorava a sua primeira década, 27 de novembro de 1909, quando o nosso homenageado James Rufus Agee pediu passagem. E cravou seu nome de autor: James Agee.
Inquieto desde jovem, o rapaz branco de um universo partido pelo racismo sentiu logo aquela “coceira” por escrever e refletir o seu tempo.
Uma das obras fundamentais de sua vida nasceu em plena época da Grande Depressão, 1936.
James Agee trabalhava para a revista Fortune que lhe deu a missão de retratar o quotidiano dos algodoeiros do Sul para a secção “Vida e Circunstância”. Primeiro, Agee achou que não daria conta do recado. Venceu o medo. Pediu para contratar o fotógrafo Walker Evans, parceiro de outras jornadas. Foi a reportagem de sua vida. Num estilo mesclado – que antecede em muitos anos o novo jornalismo dos anos 1960 – jornalismo e literatura foram associados para contar, nos mínimos detalhes a vida de três famílias atingidas em cheio pela grande Depressão.
Texto findo, fotos reveladas, James Agee e Walker Evans sabiam que o material não seria publicado na Fortune. Nunca foi. Os críticos viram no conjunto da obra a mais fascinante mescla de um realismo brutal e ao mesmo tempo poético. Com uma franqueza sem efeitos, os autores captaram a dor e a desesperança da paisagem humana. Foi por muitos considerado o documento mais completo e corajoso da Grande Depressão.
Virou livro em 1941, com o nome Let Us Now Praise Famous Men: Three Tenant Families, traduzido entre nós como “Elogiemos os homens ilustres “. Com o passar dos anos, foi lapidado muitas vezes por James Agee, e finalmente publicado em 2013.
Outro livro que marca visceralmente a carreira de James Agee é “Uma Morte em Família”, que lhe deu o consagrado prêmio Pulitzer, ainda que póstumo.
Em sua trajetória, James Agee foi crítico de cinema e roteirista de alguns filmes importantes. Entre eles: “Uma Aventura na África”, dirigido por John Huston e “O Mensageiro do Diabo”, dirigido por Charles Laughton – trabalho que foi considerado por Almodóvar como uma “fábula de Natal”.
A vida pessoal de James Agee nunca foi monótona. Passou por três casamentos, dos quais nasceram os filhos Joel, John, Teresa e Andrea.
No livro “Guia de Drinques”, de Edward Hemingway e Mark Bailey, descobrimos que o drinque preferido do escritor sulista era o Whisky Sour. Os autores lembram que ele é um dos coquetéis americanos mais antigos e que, quando feito de maneira certa, o apreciador alcança o prazer de sentir todo um equilíbrio entre o doce e o azedo.
A receita: 20ml de whisky tipo Bourbon, rye ou standard / 20ml de xarope simples / 20ml de suco de limão siciliano / meia fatia de limão ou laranja / cereja ao marasquino.
Além de intensa vida social, nosso homenageado nunca negou seu apego à bebida. Contam os amigos que quando sóbrio era quieto e parecia desanimado. Depois de alguns coquetéis, se soltava e gostava de imitar personagens históricos americanos.
Uma de suas frases mais famosas sobre o beber: “Depois de um drinque é muito difícil não tomar outro, e depois de três é ainda mais difícil não tomar mais três”.
José Edward Janczukowicz