Nosso homenageado é um grande ator e diretor de cinema. Tem uma “bela estampa”, um forte fã-clube feminino, sendo assim avaliado pelo crítico Vincent Canby “”Mr. Gibson lembra o jovem Steve McQueen. Eu não consigo definir a ‘qualidade de estrela’, mas de qualquer maneira, Mr. Gibson a tem”. Gibson também foi tido como “uma mistura de Clark Gable e Humphrey Bogart”. Ao mesmo tempo carrega em sua personalidade um lado positivo e um lado negativo – como quase todos nós.
Acontece que Mel Gibson teve o lado negativo da sua índole fortemente ativado quando no ocaso da carreira foi colocado de castigo pela indústria cinematográfica e amigos. Até a alforria em 2017, com o filme “Até o Último Homem”, um drama de guerra pacifista. Parece uma analogia com o atual momento da carreira de Mel Gibson, não parece?
Tudo começou em Peekskill, Nova York, no dia 3 de janeiro de 1956. Nasceu o segundo filho de uma família de sete e recebeu o nome Mel Columcille Gerald Gibson. Com 12 anos segue a família que se muda para a Austrália. Ele adota a cidadania.
Atuar estava no sangue do nosso homenageado. Rápida passagem por uma companhia de teatro, levou Mel Gibson a participar de “Mad Max” (1979), talvez o filme mais lembrado e festejado de sua longa carreira. A história do justiceiro solitário, em pleno apocalipse, foi rodada com um modesto orçamento de $ 100 mil e rendeu mais de $ 100 milhões. Com o sucesso e repercussão mundial, seu nome aparecia estampado em quase todos os cinemas do mundo.
Sua carreira, em nível interplanetário decolaria mesmo em Hollywood. Foram 40 filmes (cinco como diretor) alguns grandes sucessos de público, crítica e faturamento.
O convite para interpretar Martin Riggs, um policial deprimido com tendências suicidas, no filme “Máquina Mortífera”, foi fundamental para a carreira de Mel Gibson. Caiu como uma luva. Tudo no filme funcionava bem: a direção do magnífico Richard Donner, o roteiro de Shane Black, a música de abertura de Eric Clapton e a parceria perfeita ao lado do ator Danny Glover (Roger Murtaugh) que fazia o contraponto conciliador desta dupla improvável e explosiva. Virou uma sequência que terminou com “Máquina Mortífera 4”, onde o nosso homenageado embolsou $ 25 milhões, entre salário e participação de bilheteria.
O ano de 1995 marca outra vitória importante para o ator e também diretor Mel Gibson. Realiza “Coração Valente”, a história de um herói escocês, William Wallace. Ganhou 2 Oscar: Melhor Filme e Melhor Diretor.
O trabalho mais polêmico dirigido por Mel Gibson foi rodado em 2004: “A Paixão de Cristo”, visto por alguns como “muito violento” e por outros que admiravam seu caráter cru ao retratar a última caminhada de Cristo até o calvário. O público respondeu positivamente: $ 611 milhões de faturamento em todo mundo.
A convivência entre a bebida e o nosso homenageado era um fato conhecido desde a sua adolescência. Diferente de uma grande maioria de apreciadores, em determinadas situações ele começou a perder o controle, principalmente nos anos em que a carreira teve uma baixa expressiva. Em 2006 foi preso em Malibu dirigindo embriagado. Pior: perdeu a razão ao ofender judeus. Dois dias depois, se retratou, pediu desculpas. Outras perdas de controle ocorreram, quando irado partiu contra os homossexuais e outra vez quando foi acusado de bater em sua segunda mulher – teve três e nove filhos.
Recentemente, Mel Gibson festejou sua reabilitação. E ao menos Hollywood parece que começou a perdoá-lo, com a oportunidade de voltar a dirigir “Até o Último Homem”, uma obra pacifista indicada a 6 Oscar – inclusive filme, ator e diretor -, contando a história do paramédico Desmond Doss, que salvou 75 homens em Okinawa sem disparar um tiro.
José Edward Janczukowicz