“Quando eu não estou filmando, eu gosto de ir para o pub, tomar algumas bebidas, jogar dardos…”
Oliver Reed nasceu no bairro de Wimbledon, Londres, em 13 de fevereiro de 1938. Depois de 61 anos, grande carreira cinematográfica, brigas em pubs, competições de “queda-de-braço”, e consumo de bebidas, ele “partiu para outra esfera” três dias antes de terminar as filmagens de “Gladiador”, dirigido por Ridley Scott.
Sobrinho do cultuado diretor Carol Reed, Oliver teve as portas do cinema abertas com facilidade. Nunca fez um curso de interpretação e nem participou de nenhuma peça teatral. O cinema era o seu único alvo.
Numa carreira de 40 anos, participou em mais de 60 filmes. Apesar da fama de arruaceiro e um grande bebedor dado a excessos, foi considerado pela crítica como um dos atores mais emblemáticos nos anos 1960 e 1970, sendo um dos mais bem pagos e podendo escolher trabalhos.
Depois de muito “ralar” fazendo pontas e pequenas aparições, consegue seu primeiro papel principal num filme de terror da britânica Hammer, “A Maldição do Lobisomem”, dirigido pelo mais criativo diretor da companhia, Terence Fisher. Até hoje, é um filme que virou cult. Posteriormente, trabalha com o consagrado diretor Joseph Losey em “Malditos” (1963).
No ano das mudanças planetárias, 1968, está no elenco de “Oliver”, onde é dirigido por seu tio Carol Reed. A obra concorreu a vários Oscar, levando o de Melhor Filme e Melhor Diretor.
A consagração acontece para Oliver Reed em 1969. O filme “Mulheres Apaixonadas”, dirigido pelo genial e controvertido diretor Ken Russel, com quem voltaria a trabalhar em “Os Demônios” (1971), ao lado da maravilhosa atriz e grande dama do cinema mundial, Vanessa Redgrave e “Tommy” (1975), filme baseado na ópera-rock do grupo inglês The Who.
Em “Mulheres Apaixonadas”, Oliver Reed e o ator Alan Bates protagonizam uma luta entre dois homens completamente nus. Sequência “forte” para a época e que até hoje tem os seus admiradores.
Como era esperado de um ator como o nosso homenageado, Oliver Reed revelou em entrevista que para encarar a cena contou com a ajuda de uma garrafa de vodca.
Para conhecer as várias faces do bom ator Oliver Reed, cito mais um filme que é visto por muitos como um a mais da sua longa carreira. Não se enganem. Estou falando de “Caçada Sádica” (The Hunting Party – 1971), um faroeste moderno dirigido pelo correto Don Medford, com elenco magnífico: Oliver Reed, Gene Hackman e Candice Bergen.
Nosso homenageado é o retrato da contradição, dono de uma rebeldia cujas causas podem ter a adolescência como explicação. Adotou uma atitude de rebeldia perante a autoridade paternal, tendo fugido várias vezes de casa.
Ator de qualidades inquestionáveis foi, ao mesmo tempo, mulherengo, briguento por natureza – que dizia ser seu “esporte preferido”, e um bebedor que passeava facilmente entre um ou dois goles para encarar uma filmagem até exageros memoráveis.
Em 1963, após uma confusão e pancadaria num pub inglês, foi socorrido e recebeu 36 pontos na face, dos quais resultou uma cicatriz que ficou como sua marca pessoal.
Era amigo e fazia parte do grupo de grandes bebedores do cinema inglês: Richard Burton, Peter O’ Toole e Richard Harris.
Bebia quase tudo, sem ter uma predileção maior. Vodca, cerveja, vinho do Porto, uísque, conhaque e rum frequentaram o seu cardápio.
A sua morte, conforme citado, aconteceu três dias antes de rodar cenas finais de “Gladiador”. Colocado numa “sinuca de bico”, O diretor Ridley Scott teve que usar computação eletrônica, dublês e um suplemento no orçamento para terminar o trabalho. Assim mesmo, o filme é dedicado para Oliver Reed e, certamente por sua contribuição ao cinema, nosso homenageado recebeu indicação póstuma ao Bafta, o Oscar Inglês, como Melhor Ator Coadjuvante.
José Edward Janczukowicz