O estilo Märzen é filho das condições climáticas da região em que nasceu, a Bavária. E de algumas histórias que “coincidentemente” – como na questão criatividade que cerca muitas cervas – construíram a sua trajetória até os dias atuais.
A primeira pista é bem fácil. Märzen, em alemão, que dizer março, historicamente o último mês viável por lá, hemisfério norte, para a produção de brejas. Um dos motivos: à época do seu nascimento, 1840, a grande preocupação dos produtores de cerveja da Bavária era ter uma estratégia de como manter e controlar com eficácia, a frio, a qualidade das cervejas durante o verão que vinha forte e poderia colocar tudo a perder.
Daí optaram por um procedimento: produziam suas brejas entre os meses de outubro/ março, criando estoques para o final da primavera e outono. Estas delícias eram acondicionadas em barris, tendo como morada cavernas frias, muitas vezes com um reforço extra de gelo.
As Märzen chegavam aos consumidores sortudos no início da primavera e coincidiam com a grande festa da cerveja na Alemanha: a Oktoberfest, adotadas rapidamente como símbolo da festa. Mantiveram a tradição de 1872 até 1990, quando a Festbier dourada assumiu o trono.
O BJCP nos orienta que o aroma das Märzen denuncia moderada intensidade de maltes alemães, geralmente rico em notas de pão, levemente tostado. Tem o caráter de fermentação comum à família Lager e pequena ou quase imperceptível presença de lúpulo. A carbonatação média está atenuada, nunca dando a impressão de doce ou enjoativa. Ao beber, você deve sentir o “suave calor do álcool”, que sempre está encoberto.
A boa notícia hoje é que com as modernas técnicas de produção você não precisa ir até a Bavária no verão saborear estas brejas. Poder, pode. Imagine curtir a Oktoberfest por lá. As Märzen são produzidas em várias partes do mundo – inclusive no Brasil – e ao longo do ano.
Sendo assim…
A Hohenthanner Märzen Festier, de 500ml, tem uma tradição de 150 anos de história. A Hohenthanner, cervejaria localizada no coração da Bavária, trabalha com características diferenciadas da maioria de suas concorrentes: a produção das próprias matérias-primas. Mantendo a “escrita”, a breja é fabricada no mês de março visando ficar pronta para a Oktoberfest, portanto sazonal, de acordo com a receita original do mosteiro em Furth Hohenthanner Schlossbrauerei. Tem 5,3% de graduação alcoólica, espuma exuberante, muito maltada e suave presença de doçura.
Também na linha da tradição, temos a Aecht Schlenkerla Rauchbier Märzen, de 500ml. A cervejaria que lhe dá corpo e líquido certo existe desde 1405, mantendo bravamente dois valores: a Lei da Pureza Alemã e a produção do seu malte, defumando-o artesanalmente em fogo de madeira. Com graduação alcoólica de 5,1%, nossa breja tem boa formação de espuma, cor marrom acobreado e nos últimos goles proporciona a lembrança suave do álcool, leve amargor, a sensação da presença do defumado e um toque aveludado no paladar. Harmoniza bem com feijoada, queijo provolone, churrasco, costela com molho barbecue e pizza de calabresa.
A saideira também vem da Alemanha e tem o nome de Marzus, nada mais adequado ao estilo. É fabricada pela BraufactuM, com teor alcoólico de 5,5%. Deve ser apreciada numa temperatura entre 5 a 7 graus, de preferência usando um copo Lager (chope). Tem cor âmbar e aromas marcantes: pão, castanhas torradas e caramelo. Um cheiro com notas de laranja, espuma agradável e no último gole um gosto seco.
José Edward Janczukowicz
Fontes:
BJCP 2015
https://www.wbeer.com.br/cervejas/ale/aecht-schlenkerla-rauchbier-marzen-500-ml/prod1056.html
http://www.cervaleria.com/hohenthanner-marzen
http://destinocervejeiro.com/estilo-cerveja/oktoberfestmarzen