“Eu não me arrependo de nenhuma gota”, Peter O’Toole, em 2007 ao jornal The Guardian.”
“Lawrence da Arábia’, filme de 1962, dirigido pelo genial David Lean, com 3 horas e 36 minutos de duração, grande elenco, conta a história do galante, contraditório e impulsivo oficial do Exército Britânico T.E. Lawrence.
Extremamente belo, cabelos loiros, olhos azuis penetrantes e sedutores, em trajes árabes esvoaçantes, o ator Peter O’ Toole deu definitivamente um rosto ao polêmico oficial britânico que liderou uma rebelião árabe contra os turcos na I Guerra Mundial. T.E. Lawrence era homossexual “dentro do armário”, postura totalmente compreensível num país onde até 1967 o fato era considerado crime e punido com prisão.
Até os dias de hoje qualquer cine apreciador reconhece o filme por apenas uma foto, o rosto, o primeiro plano de Peter O’ Toole. Apesar de ter trabalhado em teatro e pequenas participações em filmes, “Lawrence da Arábia” foi o seu glorioso “nascimento” como um dos atores mais conhecidos e aclamados do mundo. Um mito dos anos 1960.
Tanto é que 44 anos após sua realização, a atuação de Peter O’ Toole foi homenageada pela revista “Premiere”. O ator inglês, filho de um irlandês e de uma escocesa, foi cotado na publicação de 2006 como um dos cem melhores intérpretes da história do cinema.
O nosso homenageado contabiliza mais de 60 filmes em sua carreira. Deu vida a clássicos como “Becket” (1964), dividindo a tela com o amigo e parceiro de bebedeiras Richard Burton; “Lorde Jim” (1965), baseado em livro de Joseph Conrad; “ A Noite dos Generais” (1967), dirigido por Anatole Litvak; “O Leão de Inverno”, (1968), Oscar de Melhor Atriz para Katharine Hepburn; “Seu Último Combate” (1971), dirigido por Peter Yates; “O Homem de La Mancha” (1972), no papel de Don Quixote, ao lado de Sophia Loren; “Troia” (2004), numa belíssima interpretação como o rei Priamo..
A vida pessoal do nosso homenageado lembra o título de um dos seus filmes: “Um Cara Muito Baratinado” (1982). Passou por dois casamentos turbulentos, tem três filhos muito amorosos e efetivamente nunca se levou muito a sério. O beber ia de um drinque para “esquentar” sua presença no palco até grandes farras, regularmente com os parceiros Richardo Burton, Richard Harris, Michael Caine, Oliver Reed e Peter Finch.
Dois momentos etílicos .
Convidado pelo apresentador David Letterman para participar do seu talk show, Peter O’Toole adentrou no palco devidamente “abastecido” montando um camelo, a lá “Lawrence da Arábia”. Pediu desculpas por seu valoroso transporte estar um pouco sedento e serviu cerveja ao animal.
No livro “El médoto Smirnoff”, de Juan Tejero, que lista 30 atores de Hollywood e a bebida, ficamos sabendo que… Peter O’ Toole e Peter Finch faziam um tour habitual por vários pubs irlandeses. Nesta noite, quase abortado por um proprietário que recusou-se a atendê-los: estava na hora de fechar. Os dois, orientados por vários drinques, resolveram que a única solução viável para o momento era comprar o pub. Fizeram o cheque na hora. Na manhã do dia seguinte, passada a ressaca, saíram correndo e torcendo para que o homem ainda não tivesse depositado o cheque. O negócio foi desfeito.
José Edward Janczukowicz