Nosso homenageado, o ator, diretor teatral, cantor e compositor, Richard Harris era figurinha carimbada sempre reunido com seus amigos de farra e copo Richard Burton, Peter O’Toole (que vimos emhttp://liquidoecerto.com.br/2017/03/grandes-bebedores-peter-otoole/ ), Oliver Reed e Michael Caine.
Pode se dizer, metaforicamente, que eles eram a resposta inglesa ao Rat Pack, grupo de boêmios, farristas e bons de copo americanos liderados por Frank Sinatra e seus inseparáveis parceiros Peter Lawford, Dean Martin, Sammy Davis Jr. e Joey Bishop.
Richard St. John Harris nasceu em 1 de outubro de 1930, Limerick, Irlanda.
Desde muito jovem, Richard Harris descobriu o mundo basicamente através dos livros. Em entrevista a AFP, vaticinou: “Se não tivesse lido tanto, hoje seria um agente de seguros”. Consumiu vorazmente a obra de James Joyce, Samuel Beckett e William Yeats, seus compatriotas.
Foi nos palcos londrinos que fez suas primeiras experiências em pequenos teatros. Interpretar era o que queria fazer. Sempre pensando num pulo maior: o cinema. E para isso o caminho era Hollywood.
Harris tinha 30 anos quando rodou dois grandes sucessos. Em 1961 estava no elenco de “Os Canhões de Navarone”, ao lado de David Niven e Gregory Peck. Neste mesmo ano, participou de “O Grande Motim”, dirigido por Carol Reed, tendo como parceiro Marlon Brando.
O sucesso em nível internacional e o reconhecimento do seu talento como ator aconteceu no Festival de Cannes de 1963. Richard Harris estava em “This Sporting Life”, primeiro longa metragem do diretor Lindsay Anderson, que voltaria a ganhar Cannes em 1968 com o filme “If”. Nosso homenageado vivia um jogador de rúgbi de um bairro pobre inglês e as dificuldades para se tornar o melhor jogador de sua equipe. Marcando o personagem com uma força emocional rara nos filmes Britânicos, Richard Harris recebeu o prêmio de Melhor Ator e, posteriormente, uma indicação ao Oscar.
As portas de Hollywood estavam abertas. Harris não perdeu tempo. Filmou “Juramento de Vingança”(1965), dirigido pelo mestre Sam Peckinpah; “A Bíblia” (1966); “Camelot” (1967), no papel do Rei Arthur, contracenando com dama do cinema inglês Vanessa Redgrave e “Ver-Te-ei no Inferno” (1970), ao lado de Sean Connery, dirigido pelo excelente Martin Ritt.
Richard Harris foi consagrado como bom ator pelo grande público em 1970, quando filmou o faroeste “Um Homem Chamado Cavalo”. Fez tanto sucesso com o personagem que mais dois filmes foram rodados: “O Retorno do Homem Chamado Cavalo” (1976) e “Triunfos de um Homem Chamado Cavalo” (1983).
Foi num outro faroeste, “Os Imperdoáveis”, 1992, dirigido pelo genial diretor Clint Eastwood, que Harris, como o pistoleiro English Bob, marcou definitivamente seu nome na terra do cinema.
Curiosamente, os seus últimos trabalhos lhe trouxeram o reconhecimento de um público jovem de praticamente todos os países do mundo. Ele interpretou o Professor Albus Dumbledore, em”Harry Potter e a Pedra Filosofal” e o terceiro filme da série: “Harry Potter e a Câmara dos Segredos”.
A vida pessoal do nosso homenageado nunca foi “normal”, “tranquila”. Ele era um rebelde, um irlandes muito “esquentado”. Como falava aos amigos, entre um drinque e outro: ‘Se eu me analisasse, me consideraria um compulsivo ao extremo – tudo que eu faço tem de ser compulsivo. Eu tenho que fazer por completo, senão não funciona comigo’.
Parceiro de grandes farristas e notório mulherengo – entre dois casamentos conturbados – Richard Harris conviveu com o “pesado” mundo das drogas. Pulou fora e cunhou esta frase basilar: “’Eu não irei morrer por causa de uma overdose de drogas’, disse ele em entrevista recente. ‘Eu preferiria morrer de ataque do coração por causa de uma loira estonteante ou por causa do álcool.’
Bravatas a parte, nosso homenageado deixou de beber em 1981, vindo a falecer em 2002, então com 72 anos!
José Edward Janczukowicz